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Como deve ser a articulação entre o professor da
sala e o responsável pelo AEE?
"A troca de informações deve ser diária. Sempre que surgia uma
dúvida ou necessidade em sala, levava para a responsável pelo AEE e, juntas,
pensávamos em soluções. Dessa forma, o progresso das crianças se intensifica e
a avaliação se aprimora." Michelly da Conceição Pinheiro, diretora do
Espaço de Desenvolvimento Infantil Professora Simone Sousa Pimentel, no Rio de
Janeiro.
Reuniões diárias são o meio ideal de comunicação
entre os dois. A estratégia se mostrou eficiente na atuação de Michelly da
Conceição Pinheiro e Renata Torres de Souza. Até o mês de junho, elas
trabalharam em conjunto para garantir a inclusão dos alunos com NEE na EM Tia
Ciata, no Rio de Janeiro - Michelly acaba de assumir a direção de outra
unidade.
O objetivo da dupla era buscar soluções específicas
para cada um: Michelly, professora da turma do 5º ano, informava o conteúdo que
ia trabalhar e as dificuldades da criança para Renata, a responsável pelo AEE.
Ela, por sua vez, pensava em materiais alternativos a serem usados em
aula.
Luana Silva de Sousa, 12 anos, parcialmente surda,
melhorou a capacidade de comunicação após Renata demonstrar a Michelly que
falar de frente para a menina facilitava a leitura labial. Juntas elas também
adaptaram as atividades para Erick Edson Lopes de Souza Reynol, 12 anos, que
possui baixa visão e TGD. As provas são igualmente elaboradas em parceria. Com
a presença de Renata, os alunos têm outros recursos para fazer a atividade no
próprio ritmo.
Michelly conta que a avaliação dos estudantes
melhorou com o apoio da colega. "Aprendi a perceber avanços que antes não
eram tão claros, como a maneira de Erick pegar no lápis ou os traços mais
precisos em seus desenhos." A dificuldade apontada por ela é recorrente.
Isso porque a avaliação de estudantes com NEE é flexibilizada, planejada com
base nas expectativas de aprendizagem de cada um. "É preciso traçar
objetivos de acordo com o que cada um sabe e desenvolver meios que o ajudem a
acompanhar o grupo", explica Roberta Galasso, docente da pós-graduação em
Inclusão da Universidade de São Paulo (USP).
Para que essa articulação ocorra, é preciso tempo
para planejar conjuntamente. Porém é bastante comum a situação em que o
professor da turma e o da sala de recursos trabalham em períodos opostos -
justamente para atender os alunos no contraturno. Quem não tem a oportunidade
de um contato pessoal diário, como Michelly e Renata tinham, deve trocar
e-mails ou telefonemas. Até mesmo um caderno, levado pela própria criança, pode
ser um meio de comunicação entre os dois profissionais.
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/inclusao-7-professoras-mostram-como-enfrentam-esse-desafio-639054.shtml?page=3
Texto 2: O novo papel da Educação Especial
A nova política nacional para a Educação
Especial é taxativa: todas as crianças e jovens com necessidades especiais
devem estudar na escola regular. Desaparecem, portanto, as escolas e classes
segregadas. O atendimento especializado continua existindo apenas no turno
oposto. É o que define o Decreto 6.571, de setembro de 2008. O prazo para que
todos os municípios se ajustem às novas regras vai até o fim de 2010.
O texto não acaba com as instituições
especializadas no ensino dos que têm deficiência. Em lugar de substituir, elas
passam a auxiliar a escola regular, firmando parcerias para oferecer
atendimento especializado no contraturno.
Na prática, muda radicalmente a função do
docente dessa área. Antes especialista em uma deficiência, ele agora precisa
ter uma formação mais ampla. "Ele deve elaborar um plano educacional
especializado para cada estudante, com o objetivo de diminuir as barreiras
específicas de todos eles", diz Maria Teresa Eglér Mantoan, professora da
Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das
pioneiras nos estudos sobre inclusão no Brasil.
Ensinar os conteúdos das disciplinas passa a ser
tarefa do ensino regular, e o profissional da Educação Especial fica na sala de
recursos para dar apoio com estratégias e recursos que facilitem a
aprendizagem. É ele quem se certifica, ainda, de que os recursos que preparou
estão sendo usados corretamente. "Ele informa a escola sobre os materiais
a serem adquiridos e busca parcerias externas para concretizar seu
trabalho", afirma Maria Teresa.
A princípio, esse educador não precisa saber
tudo sobre todas as deficiências. Vai se atualizar e aprender conforme o caso.
Ele pode atuar na sala comum de longe, observando se o material está sendo corretamente
usado, ou estender os recursos para toda a turma, ensinando a língua brasileira
de sinais (Libras), por exemplo. Quem souber se adaptar não correrá o risco de
perder espaço. "O profissional maleável é bem-vindo", garante Maria
Teresa.
O momento atual é de construção. De fato, a
inclusão na sala de aula está sendo aprendida no dia a dia, com a experiência
de cada professor. "Mas não existe formação dissociada da prática. Estamos
aprendendo ao fazer", avalia Cláudia Pereira Dutra, secretária de Educação
Especial do Ministério da Educação (MEC).
Novas Posturas, Novas Aprendizagens
DUPLA AFINADA Matheus com Hellen (à esq.) e Márcia, as
professoras que mais contribuíram para a inclusão dele na escola.
Foto Marcelo Min
O histórico da inclusão de Matheus obrigou a EMEF
Coronel Hélio Franco Chaves a se repensar. Depois dos avanços na 1ª série e dos
retrocessos na 2ª, a direção da escola tomou uma decisão: a partir daquele ano,
a turma de Matheus o acompanharia até o fim do Ensino Fundamental. A então
professora da 3ª série, Márcia Maria Batista Martinelli, por sua vez, assumiu a
responsabilidade por recuperar os avanços que Matheus já havia
conquistado.
Ela e Hellen conversavam diariamente sobre
possíveis flexibilizações. Como Hellen ocupava a mesma sala em período
diferente, Márcia às vezes deixava recados no quadro para a colega. Certo dia,
ela flagrou Matheus lendo um desses bilhetes e descobriu como incentivá-lo a
escrever novamente: mandar cartas para a antiga professora. Na primeira,
Matheus escreveu: "Oi, estou na 3ª série com a professora Márcia". No
dia seguinte, ele encontrou a resposta de Hellen, que estrategicamente
questionava o que ele estava aprendendo. A troca de mensagens se intensificou e
Matheus nunca mais deixou de escrever.
Márcia também aproveitou a grande capacidade de
memorização - ele sabe as letras e os números da placa do carro de todos os
professores - para ensinar operações matemáticas. Na aula de Geografia, certa
vez, usou uma viagem que o garoto faria com os pais para Pernambuco para
ensiná-lo a utilizar o mapa. Assim, aproveitando o potencial dele a cada
descoberta, Márcia foi a segunda professora a fazer diferença na vida do jovem.
Hoje na 7ª série, o menino autista não se incomoda com o vaivém de professores.
Dentro de suas capacidades, participa de tudo,
mesmo que o conteúdo nem sempre seja o mesmo abordado com o restante da turma.
"Para o aluno com necessidades educacionais especiais, não há
necessariamente aprendizagem em série. Ele pode estar integrado com o grupo em
alguns aspectos do desenvolvimento e necessitar de outras estratégias",
explica Daniela Alonso.
A mãe de Matheus, que todos os professores não se cansam de elogiar pela sólida aliança com a escola, sempre soube que o filho se sairia bem. Uma das maiores emoções da vida dela foi sentida durante uma festa de Dia das Mães, quando ele recitou uma poesia na frente de todos os convidados na escola. "Por causa das dificuldades que tem na fala, eu não consegui entender muita coisa, mas ver meu filho ali, lendo aquele texto em voz alta ao microfone, foi meu melhor presente", afirma Lindinalva.
A mãe de Matheus, que todos os professores não se cansam de elogiar pela sólida aliança com a escola, sempre soube que o filho se sairia bem. Uma das maiores emoções da vida dela foi sentida durante uma festa de Dia das Mães, quando ele recitou uma poesia na frente de todos os convidados na escola. "Por causa das dificuldades que tem na fala, eu não consegui entender muita coisa, mas ver meu filho ali, lendo aquele texto em voz alta ao microfone, foi meu melhor presente", afirma Lindinalva.
http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/inclusao-no-brasil/inclusao-ensina-511186.shtml?page=2
LEITURA PARA O ENCONTRO DE AGOSTO:
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